Nasceu em 23 de maio de 1734, em Iznang, aldeia próxima do lago de Constança, filho do casal Franciscus Antonius Mesmer e Maria Ursula Michel, membros de uma grande família católica da Suábia, região que hoje pertence à Alemanha. Mesmer desencarnou em 5 de março de 1815. Em 1743, foi levado pelos pais para o monastério Reichenau, em Constança, onde durante seis anos estudou línguas, literatura clássica e música com os monges. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e ceticismo. Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico. Frequentava constantemente círculos ocultistas, locais onde obteve conhecimentos de alquimia. Estudou com profundidade a vida e a obra de Paracelso (1493-1541), que entendia que havia correspondência entre o mundo exterior − o macrocosmo − e as diferentes partes do organismo − o microcosmo. Em 1750, ingressou na Universidadejesuíta de Dillingen, na Bavária, onde estudou filosofia por quatro anos, chegando ao doutorado. Leu as obras de Galileu, Descartes,Leibniz, Kepler, Newton etc. Em 1754, iniciou o curso de teologia na Universidade de Ingolstadt, também na Bavária. Cinco anos depois, em 1759, ingressou na Universidade deViena, dedicando seu primeiro ano nesta universidade ao estudo das leis. Transferiu-se, logo depois, para o curso de medicina. Seis anos depois, no dia 27 de maio, conquistou o doutorado com umadissertação inspirada na obra de Newton e talvez de Paracelso. Nesse texto, que trata da influência dos planetas sobre o corpo humano, usou pela primeira vez o conceito defluido universal. A tese de formatura de Mesmer fazia referência a uma medicina de outros tempos: De Influxo Planetarum In Corpus Humanum. Nela, descrevia a influência dos planetas por intermédio de um fluido universal com poderes magnéticos sobre a matéria viva. Aludia, também, ao magnetismo animal, que, segundo ele, existia em duas formas opostas e tenderia a emanar dos lados direito e esquerdo do corpo humano. Explicava que a cura das enfermidades consistia na restauração do equilíbrio ou harmonia alterada entre os fluidos. Com base nessas teorias, Mesmer construiu sua técnica terapêutica utilizando a fixação dos olhos e os passes com as mãos. As teorias de Mesmer afirmavam que um princípio imponderável atuava sobre os corpos. Em todo o organismo vivente existia um fluido magnético no qual circulava uma força especial, animando tanto o mundo orgânico como o inorgânico; que esse fluido se transmitia, podendo revigorar os corpos debilitados; que as pessoas dotadas de grande vitalidade poderiam transmitir essa energia para os outros, se soubessem dirigi-la, utilizando as mãos. Mesmer casou-se com Maria Anna Von Bosch, numa concorrida cerimônia, em 10 de janeiro de 1768, celebrada, na catedral deSanto Estevão, pelo arcebispo deViena. Mudou-se para uma mansão em Landstrasse, onde promoviasaraus musicais com Mozart, Gluck,Haydn e outros. Ainda em 1768, em outubro, estreou no teatro de seu jardim a primeira apresentação emViena de uma ópera de Mozart. O primeiro tratamento pelomagnetismo animal teve início em 1773. A paciente foi uma parenta da esposa de Mesmer e amiga da família de Mozart, Franziska Esterlina, uma senhorita de 29 anos bastante debilitada. Mais tarde, em 1790, Mesmer foi homenageado porMozart, em sua ópera Così fan tutte. No final do primeiro ato, a personagem Despina, fantasiada de médico, imita Mesmer e seu tratamento. Em 1775, com a pouca acolhida dada à sua descoberta, determina-se a nada mais realizar publicamente em Viena. Após muitas experiências, reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas mãos. Acredita que dela se desprende um fluido que alcança o doente. De todos os corpos da Natureza – declarou então −, é o próprio homem que com maior eficácia atua sobre o homem. A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da criatura. Ele, que nada cobrava pelos tratamentos, preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício a maior número de pessoas, magnetizava água, pratos, cama etc., a cujo contato submetia os enfermos. Ele definiu o magnetismo animalcomo sendo a capacidade de um indivíduo causar efeitos similares aomagnetismo mineral em outra pessoa. Em 1776, Mesmer deixa de fazer uso do ímã como simples condutor do magnetismo animal, para evitar mal-entendido por parte dos médicos e físicos. Continua a usar água, garrafas, barras de ferro. No ano seguinte, aceita como paciente a famosa pianista Maria Theresa Paradis, curando suacegueira, fato que gerou muitas controvérsias. Na luta pela divulgação doMagnetismo Animal, Mesmer chega a Paris no mês de fevereiro de 1778 e começa a apresentar suas descobertas para os sábios e os médicos dessa capital, retirando-se para a cidade de Creteil no mês demaio, juntamente com alguns doentes. Requisita comissários daSociedade Real de Medicina de Parispara que eles fiscalizem as curas, o que foi recusado. Mesmer praticou durante anos o seu método de tratamento em Viena e em Paris, com evidente êxito, mas acabou expulso de ambas as cidades pela inveja e incompreensão de muitos. Depois de cinco tentativas para conseguir exame judicioso do seu método de curar pelas academias, é que publica, em 1779, a Dissertação sobre a descoberta do magnetismo animal, na qual afirma que este é uma ciência com princípios e regras, embora ainda pouco conhecidas. Suas descobertas baseavam-se em 27 teses. Eis algumas:Por meio deste fluido, doenças nervosas são curadas imediatamente e suas virtudes podem estender-se à cura universal e a preservação da humanidade, a um grau tão elevado, que não se sabia quão longe poderia ir. Existe uma influência recíproca entre os corpos celestes, a Terra e todos os organismos animados. O fluido universal é o agente dessa influência. Essa ação recíproca está sujeita às leis da mecânica. Os corpos gozam de propriedades análogas ao ímã. Essas propriedades podem ser transmitidas a outros corpos animados ou inanimados. A moléstia é apenas a resultante da falta ou desequilíbrio na distribuição do magnetismo pelo corpo. O trabalho de Mesmer, devido a seus métodos e a essas curas miraculosas, provocou um alvoroço em Paris. Ali foi cultuado por muitos e perseguido por outros, principalmente por colegas médicos que o chamavam de charlatão e embusteiro. Sua popularidade prosseguiu por muitos anos, mas outros médicos o tachavam de impostor e charlatão. Em uma derradeira tentativa, propõe àFaculdade de Medicina de Paris, em 1780, um teste comparativo de seu método com a medicina tradicional. Em 18 de setembro, houve uma assembléia geral e, após uma leitura e um discurso, d'Eslon, seu discípulo, foi excluído do quadro dos médicos e as proposições de Mesmerforam rejeitadas com desdém e animosidade. Depois, em 1781,Mesmer publica o que viria a ser a mais importante descrição histórica da ciência do magnetismo animal.Em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas atividades. Benjamin Franklin foi um dos membros dessa comissão, que acabou por constatar a veracidade das curas, porém as atribuiu não ao magnetismo animal, mas a outras causas fisiológicas desconhecidas. Mesmer envia uma carta a Benjamin Franklin denunciando os equívocos da comissão nomeada para examinar d'Eslon, desautorizada para agir em seu nome, e a impropriedade do método adotado. O rei da França nomeia uma comissão de sábios da Academia de Ciências de Paris − Bailly, Darcet,Franklin, Lavoisier −, que em quatro meses concluiu que as proposiçõesde Mesmer não passavam deimaginação, além de redigir um relatório secreto alegando implicações sexuais. Uma outra comissão formada por médicos daSociedade Real de Medicina também rejeitou a existência do magnetismo animal. Porém, um de seus membros, Jussieu, divergiu dos colegas e admitiu as curas. Em 1785, alguns dos discípulos deMesmer publicam as anotações de suas aulas. Em 1790, sua esposa, von Posh, morre de câncer no seio. De retorno a Viena, em 1793, é preso pela polícia, pois estava sendo investigado por questões políticas, suspeito de ser favorável aosjacobinos. Liberado, ficou sob custódia até 5 de dezembro. Continuaria, porém, sendo observado pelas autoridades. Mesmer vê-se então forçado a retirar-se de Paris e, vilipendiado, instala-se numa pequena cidade suíça, onde viveu durante 20 anos sempre servindo aos necessitados e sem nunca desanimar nem se queixar. Um grupo de médicos da Academia de Berlim redescobre o seu paradeiro, mas, já com setenta e cinco anos, ele não aceita acompanhá-los. Em 1812, aos 78 anos, a Academia de Ciências de Berlim convida-o para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a fundo o magnetismo. Era tarde; ele recusou o convite. Também a Igreja condenava o magnetismo, e, por tabela, a ele. Em 1813, um teólogo francês escrevia que "o sonambulismo e o magnetismo eram sobrenaturais e diabólicos, anticristãos, anticatólicos e antimorais. Tudo provinha da ação de fluidos de origem infernal". A Academia encarrega o Prof. Wolfart de entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais belos a respeito do caridoso médico:Encontrei-o dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em todo o seu ser, em suas palavras e ações, e uma força maravilhosa de sugestão sobre os enfermos. No início de 1814, ele regressou para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos dias até falecer em 5 de março de 1815, aos 81 anos de idade.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Deleuze foi discípulo direto de Mésmer e, juntamente com o Marquês de Puységur e seus sucessores deu grande contribuição a que fosse o Magnetismo reputado como ciência e visto com o respeito que se deve às grandes coisas. Nascido em março de 1753 em Sisterom, Baixa Alpes, Joseph Philippe
François Deleuze, bibliotecário do Museu de História Natural, teve seu interesse voltado para o Magnetismo em 1785. Até então não cria nas histórias maravilhosas que narravam a respeito do magnetismo, achando mesmo que eram loucos aqueles que partilhavam do seu interesse.
Tomando conhecimento das experiências realizadas por Mésmer, resolveu procurá-lo.
Admitido à corrente, viu o doente adormecer após alguns minutos tendo ele mesmo adormecido ao cabo de 15 minutos, um sono agitado ao ponto de perturbar a corrente. No dia seguinte, tendo-se mantido em vigília, pôde acompanhar todo o trabalho de Mésmer e solicitar instruções a respeito do magnetismo (Magnetismo Espiritual, Michaelus) .
Escreveu diversas obras importantes no esclarecimento e difusão da ciência magnética. Entre eles, publicou em 1813, “Histoire Critique du Magnétisme Animal”. Diz Ernest Bersot:
“Era ótimo, para uma doutrina tão mal afamada, encontrar um defensor honorável, sábio, judicioso, moderado em suas opiniões e na expressão dessas opiniões, um desses patronos que dão aos tímidos a coragem de confessar sua crença”.
Sua segunda obra, “Instruction Pratique sur Le Magnétisme Animal” era um manual prático para os magnetizadores, baseado nas suas intensas pesquisas e experiências.
O Dr. Deleuze conhecia a ligação dos sonâmbulos com os Espíritos, apesar de, no início, mostrar-se relutante. Sobre isso manteve célebre contato com o Dr. G. P. Billot durante os anos de 1829 a 1833. As correspondências entre os dois originaram o livro “Correspondence Upon Vital Magnetism”, publicado em 1839 pelo Dr. Billot.
Assim se expressou Deleuze: “Não vejo razão para negar a possibilidade da aparição de pessoas que, tendo deixado esta vida, ocupam-se daqueles que aqui amaram e aconselhas. Acabo de ter disto um exemplo”.
“Deleuze tornou-se um grande magnetizador e, pela sua prudência, critério e operosidade, muito fez pela causa do magnetismo, em cujo fenômeno reconheceu não só um efeito físico, mas também espiritual”. (Michaelus)
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Armand Jacques Chastenet de Puységur, ou simplesmente Marquês de Puységur (1751 – 1825), foi um dos maiores seguidores de Mésmer e de grande importância no desenvolvimento da ciência magnética.
Era um homem de posses e, tendo abraçado o Magnetismo com abnegação de quem realmente entendeu o seu significado e alcance, passou a atender a pobreza de forma gratuita, com espírito beneficente.
Assim como o mestre Mésmer, Puységur, tendose retirado para as terras de sua propriedade em Buzancy, parto de Soissons, também utilizava uma árvore, antiga e verdejante, com um córrego lateral, de cujos galhos partiam cordas, com as quais a multidão, sentada em bancos, enlaçava a parte doente de seus corpos e se curava.
Muitos referem o titulo de descobridor do sonambulismo a Puységur porém, Mésmer já o conhecia, sabedor que era de todo o desdobramento possível do Magnetismo Animal. Deve-se ao Marquês de Puységur, entretanto, o primeiro uso do sonambulismo como “... instrumento para o diagnóstico das enfermidades, prescrição do tratamento e previsão da cura, por meio dos extraordinários efeitos da lucidez sonambúlica”(Paulo H. de Figueiredo, 2005).
As técnicas utilizadas para O tratamento eram aquelas aprendidas com Mésmer, no entanto, seus pacientes não entravam em convulsões mas, em crises mais suaves eu mesmo dormiam. Nem todos os pacientes detinham a faculdade do sonambulismo, porém aqueles que a possuíam bastava, muitas vezes, tocar um dos doentes para dizer-lhe a enfermidade de que sofria, o órgão afetado, o tratamento a ser seguido, além da duração deste. Possuíam ainda a dupla vista, a visão à distância e a leitura do pensamento. Conforme explicações de Allan Kardec, algumas dessas informações poderiam ser fornecidas pelos Espíritos aos sonâmbulos, que as retransmitiam.
Vejamos, pelas palavras do próprio Marquês, o modo inesperado como o mesmo chegou a tomar contato como sonambulismo: “Era um camponês, homem de 23 anos, acamado fazia quatro dias, por efeito de urna pneumonia. Eu ia vê-lo. A febre e acabava de diminuir. Após fazê-lo levantar, eu o magnetizei. Qual foi a minha surpresa vê-lo no fim de um quarto de hora adormecer, calmamente, em meus braços, nem convulsões nem dores! Ele falava e se ocupava bem de seus misteres. Quando eu supunha que suas ideias deviam afetá-lo de forma desagradável, eu as detinha e procurava inspirar-lhe outras mais agradáveis. Para isso ou não precisava de grandes esforços e, então, eu o via contente, imaginando tirar um premio, dançar numa festa, etc.” “... Segundo ele, não é necessário que eu toque todos os doentes: um olhar, um gesto, uma vontade é o bastante; e é um camponês, o mais limitado do país, que me ensina isso. Quando ele entra em crise, não conheço nada mais profundo, mais prudente e mais clarividente do que ele." (Ernest Bersot)
Chastenet de Puységur viveu mais de 70 anos dedicado, até onde pôde, à cura dos seus doentes, manifestando na pratica o poder do magnetismo aliado à vontade de quem realmente deseja ajudar.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

BARÃO DU POTET (1796 – 1881)
O Barão Jules Du Potet de Sennevoy (1796-1881), ou simplesmente Barão Du Potet, foi um dos mais notáveis magnetizadores que o mundo já viu. Tornando-se adepto do mesmerismo em 1819, fez parte da segunda geração de magnetizadores, da qual constava Charles Lafontaine, Charpignon, Gautier e outros.
Tido como uma pessoa extraordinária e de coração generoso, foi um dos propagandistas da ciência magnética, para o que empregava grandes esforços, chegando a abrir uma escola prática de magnetismo onde as pessoas podiam instruir-se e ao mesmo tempo verificar “ in locu” os fenômenos produzidos. “Nunca, diria Du Potet, a medicina ordinária ofereceu ao público o exemplo de tantas garantias”, em face dos relatórios confirmando as curas, que eram impressos e distribuídos em grande quantidade para esclarecimento do povo (site omensageiro.com.br).
Em 1820 dirigiu inúmeras experiências magnéticas em hospitais. O Barão aplicava os passes magnéticos e se tornou conhecido pela rapidez dos resultados e pela intensidade dos efeitos. As experiências foram interrompidas pelo Conselho Geral dos Hospícios (BERSOT, 1995). Em todas as épocas da humanidade houve aqueles que, envolvidos pela onda de fanatismo ou de um falso cientificismo que não investiga aquilo que vai além do já estabelecido, perseguiram cruel e injustamente os portadores da verdade que tinham a missão de propagar o bem. Du Potet não foi exceção à regra e por duas vezes foi levado ao tribunal. Nos dias 15 e 27 de junho de 1836, compareceu perante o Tribunal de Polícia Correcional e ante a Côrte Régia de Montpellier, enfrentando o mais célebre processo envolvendo o Magnetismo (Magnetismo Curativo, Alphonse Bué).
Rejeitando advogado, fez ele mesmo a sua defesa da qual transcrevemos alguns trechos retirados da obra citada:
“Todo o meu crime é ter solicitado o exame público, não de uma doutrina, mas de simples fenômenos que os sábios da vossa cidade ignoram.... Condenar-me-eis por tal fato? Pequei contra a moral? - Ensino os homens a fazerem de suas reservas vitais o emprego mais nobre: aliviar os sofrimentos dos seus semelhantes. .......tudo quanto posso dizer-vos, é que ensino a produzir o sono sem ópio, a curar a febre sem quina; a minha ciência dispensa as drogas, a minha arte arruína os boticários. Nós, magnetizadores, damos forças ao organismo, sustentamo-lo quando ele sucumbe; damos óleo à lâmpada, quando ela já não o tem. Finalmente, não se pode impedir de proclamar uma verdade. Calar-se, porque esta verdade pode ofuscar certos espíritos prevenidos ou retardatários, é, na minha opinião, mais do que um crime: é uma covardia.”(grifos originais) Este processo provocou grande alarido por toda parte e restou que, tendo sido absorvido, o seu magnífico depoimento eivado de coragem e grandiosa altivez atraiu muita gente para os seus cursos e tratamentos.
Em 1852 escreveu sua obra mais famosa o “Tratado Completo sobre magnetismo animal”. Era ainda editor do “Journal du Magnétisme” e dirigente da “Sociedade Mesmeriana”. De início incrédulo, mais tarde o barão se torna espírita, diante dos inúmeros fatos da realidade espiritual constatados durante as sessões de sonambulismo.
Um dos seus discípulos foi Pierre-Gaëtan Leymarie, o qual deu continuidade à Revue Spirite, de Allan Kardec. O próprio Codificador da Doutrina Espírita fez parte, até 1850, do grupo de estudiosos e magnetizadores a que pertencia o Barão Du Potet.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, foi o codificador da Doutrina Espírita. Antes de conhecermos melhor a vida deste professor francês, mostraremos como foi seu primeiro contato com o mundo espiritual, que consequentemente serviu de marco inicial para o Espiritismo.
|
OS FATOS QUE PRECEDERAM O APARECIMENTO DO ESPIRITISMO
|
|
|
Kardec e os Espíritos
Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de aritmética, pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo seu a ver de perto estas manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da pedagogia moderna, e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia bem o que estava acontecendo. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual.
O professor então participou de algumas sessões, e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo". Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.
Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .
Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida.
O Espírito de Verdade disse-lhe ser de uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".
Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec.
Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador, quem estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.
A Codificação
A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início.
Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.
Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec.
Este controle rígido de tudo o que vinha de informações do mundo espiritual ficou conhecido por "Controle Universal dos Espíritos". Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do plano espiritual só terá validade para o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantenham contato entre si. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante.
Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita, a Codificação, tendo início em 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos". Estes livros contêm toda a teoria e prática da doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.
Durante a codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado "Revista Espírita", em 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo. A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.
No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.
Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade.
|